quarta-feira, janeiro 18
Testemunho de um passado (in)certo
Viajei por um passado incerto,
Apostei na dúvida de um passo confuso,
Na certeza de um passo concreto,
Na aposta de um eu a concretizar,
De um rumo que quero tomar.
Mais uma vez falhei,
Na procura do que sou,
Na certeza do que quero ser,
Dúvidas infindas,
Caminhos escassos,
E um horizonte longínquo,
Na bruma do que nunca serei.
Olhar de revés,
Para o muito que se faz,
Ainda que tal sorte,
Nunca me dirá o que trás,
Aqui e agora,
Num presente incerto,
Aquilo que sou em concreto.
Sou sombra do que queria ser,
Passado de um sonho realizado,
Exercício de um presente esgotado,
Lembrança de um projecto mal acabado.
Ó mortais,
Ouvi a minha súplica,
Entendei o som do desespero,
Som de angústia e cólera,
A solidão de quem se diz ser,
Aquilo que ninguém quer ver,
O que nunca há-de ter,
Um caminho, uma firmeza,
Uma realização, uma divagação
Vinda de uma clareza,
Que ninguém vislumbrará uma certeza,
Do que foi e será,
Triste presença lembrada,
De uma aparência indesejada.
Quem ousará lembrar o que nunca serei,
Quem cantará o que quis percorrer,
Ousadia de um dever,
Do que pretendia e ousei,
Afirmar nas tuas margens,
Perdida em infindas viagens,
O que nunca alcancei,
O que em nenhures penetrei,
O âmago do que és.
Ainda que me lance a teus pés
Olhas-me com indiferença,
No interior de uma propensa,
Clara manifestação de indiferença.
Ó Pai,
Olhai para a minha indigência,
Triste forma de transcendência,
Do que alguém queria dar,
Tudo o que de vós fui herdar,
Porque falho tanto?
Esta é a razão do meu espanto,
Rumo sem sentido,
Caminho perdido,
Espaço invadido,
De um eu que nunca foi,
A convicção do que poderia aspirar,
De um tu para amar.
Caminho em direcção a Ti,
E não me interessa se me perdi,
Em veredas e atalhos tortuosos,
Com o caminho da casa hei-de vir a dar,
Pois és tu que me chamas,
És tu que clamas,
Pelo teu filho desavindo
Qual ramo de oliveira em flor,
Que vai para onde for,
Desde que na Tua direcção,
No puro sentido da salvação…
Que me possas aceitar,
No âmago do teu lar.
Não mais quero eu,
Do que nos teus mistérios penetrar…
Francisco d’Almeida
Apostei na dúvida de um passo confuso,
Na certeza de um passo concreto,
Na aposta de um eu a concretizar,
De um rumo que quero tomar.
Mais uma vez falhei,
Na procura do que sou,
Na certeza do que quero ser,
Dúvidas infindas,
Caminhos escassos,
E um horizonte longínquo,
Na bruma do que nunca serei.
Olhar de revés,
Para o muito que se faz,
Ainda que tal sorte,
Nunca me dirá o que trás,
Aqui e agora,
Num presente incerto,
Aquilo que sou em concreto.
Sou sombra do que queria ser,
Passado de um sonho realizado,
Exercício de um presente esgotado,
Lembrança de um projecto mal acabado.
Ó mortais,
Ouvi a minha súplica,
Entendei o som do desespero,
Som de angústia e cólera,
A solidão de quem se diz ser,
Aquilo que ninguém quer ver,
O que nunca há-de ter,
Um caminho, uma firmeza,
Uma realização, uma divagação
Vinda de uma clareza,
Que ninguém vislumbrará uma certeza,
Do que foi e será,
Triste presença lembrada,
De uma aparência indesejada.
Quem ousará lembrar o que nunca serei,
Quem cantará o que quis percorrer,
Ousadia de um dever,
Do que pretendia e ousei,
Afirmar nas tuas margens,
Perdida em infindas viagens,
O que nunca alcancei,
O que em nenhures penetrei,
O âmago do que és.
Ainda que me lance a teus pés
Olhas-me com indiferença,
No interior de uma propensa,
Clara manifestação de indiferença.
Ó Pai,
Olhai para a minha indigência,
Triste forma de transcendência,
Do que alguém queria dar,
Tudo o que de vós fui herdar,
Porque falho tanto?
Esta é a razão do meu espanto,
Rumo sem sentido,
Caminho perdido,
Espaço invadido,
De um eu que nunca foi,
A convicção do que poderia aspirar,
De um tu para amar.
Caminho em direcção a Ti,
E não me interessa se me perdi,
Em veredas e atalhos tortuosos,
Com o caminho da casa hei-de vir a dar,
Pois és tu que me chamas,
És tu que clamas,
Pelo teu filho desavindo
Qual ramo de oliveira em flor,
Que vai para onde for,
Desde que na Tua direcção,
No puro sentido da salvação…
Que me possas aceitar,
No âmago do teu lar.
Não mais quero eu,
Do que nos teus mistérios penetrar…
Francisco d’Almeida