sábado, setembro 16
sexta-feira, fevereiro 24
Impression soleil levant de Claude Monet
segunda-feira, fevereiro 13
The crimson tide
The world was enshrouded in a mystic cocoon
Phasing in and out of imagination
Into the black sea, where under the moon
The carcase of a dolphin laid in suffocation
Trapped in a steel net forged in Hephaestus cave
He had lost his will to live, all hope of salvation
And when the harpoon unleashed the blood sensation
No one challenged death for the dolphin to save…
I can still hear the screams rooting for the theft
Of life. The angry fishing boats come to meet
Its new prey disguised in angelic light;
Now, a trail of blood on the water is all that is left:
All that was pure and cheerful and sweet
Is being towed away in the fading night…
Mário Gabriel
Phasing in and out of imagination
Into the black sea, where under the moon
The carcase of a dolphin laid in suffocation
Trapped in a steel net forged in Hephaestus cave
He had lost his will to live, all hope of salvation
And when the harpoon unleashed the blood sensation
No one challenged death for the dolphin to save…
I can still hear the screams rooting for the theft
Of life. The angry fishing boats come to meet
Its new prey disguised in angelic light;
Now, a trail of blood on the water is all that is left:
All that was pure and cheerful and sweet
Is being towed away in the fading night…
Mário Gabriel
Obsession
A way of being dead inside
Whilst pretending to embrace life,
Always looking straight ahead
When beauty is growing sideways
Beyond the roads, on a green meadow
That’s infinite in nature…
Mário Gabriel
Whilst pretending to embrace life,
Always looking straight ahead
When beauty is growing sideways
Beyond the roads, on a green meadow
That’s infinite in nature…
Mário Gabriel
Decadence
You thought you were the best
So much wiser than the rest:
God's gift of finance to the common man
With your Armani suits and oily Summer tan,
Moving swiftly through the senseless crowd
Waving your pride and singing it out loud!
You thought you had everything going
As the money kept on flowing
The market was skyrocketing everywhere
And you always had your share
Even on a cold and gloomy night,
You star was always shining bright!
But, guess what, life's cruel, you know?
Somebody cancelled you show
And you were left to linger,
Twisted round by everyone's finger...
You lived in Heaven, yet now you're in Hell
Looking at you today, no one would tell
That you had a palace in golden blocks
And more than twenty millions worth in stocks
Friends you thought real in thin air did vanish
When the sky collapsed and brought about your blemish...
You can still see the black dice rolling on the table...
They promised a lucky seven, but it was all a fable
When they finally stopped, snake eyes gave you a glance
And you knew you had just wasted your final chance
In a single heartbeat, the house won it all,
Leaving you speechless, ready for the fall...
Yes, life is cruel I know
But you alone cancelled your show
And now you sob and linger
Twisted round by everyone's finger...
Mário Gabriel
So much wiser than the rest:
God's gift of finance to the common man
With your Armani suits and oily Summer tan,
Moving swiftly through the senseless crowd
Waving your pride and singing it out loud!
You thought you had everything going
As the money kept on flowing
The market was skyrocketing everywhere
And you always had your share
Even on a cold and gloomy night,
You star was always shining bright!
But, guess what, life's cruel, you know?
Somebody cancelled you show
And you were left to linger,
Twisted round by everyone's finger...
You lived in Heaven, yet now you're in Hell
Looking at you today, no one would tell
That you had a palace in golden blocks
And more than twenty millions worth in stocks
Friends you thought real in thin air did vanish
When the sky collapsed and brought about your blemish...
You can still see the black dice rolling on the table...
They promised a lucky seven, but it was all a fable
When they finally stopped, snake eyes gave you a glance
And you knew you had just wasted your final chance
In a single heartbeat, the house won it all,
Leaving you speechless, ready for the fall...
Yes, life is cruel I know
But you alone cancelled your show
And now you sob and linger
Twisted round by everyone's finger...
Mário Gabriel
The Heart
Thou art Father, Thou art Mother
Thou art all in the void of Nothingness,
Shining amidst the shadows of men...
Through the night, on ebbing dreams,
Thy voice, in a single utter,
Shatters the chaos of my soul,
Converting it into a spiral of living love.
When the Mesmerizing Sameness
That wreaks havoc free thought returns to me,
Thou art there, watching and waiting…
I love Thee in my ignorance,
I love Thee in a promise of hope
And on the meanings of a silent scream...
Thou art The Heart
And each palpitation of Thee
Blows me back to life… again!
Mário Gabriel
Thou art all in the void of Nothingness,
Shining amidst the shadows of men...
Through the night, on ebbing dreams,
Thy voice, in a single utter,
Shatters the chaos of my soul,
Converting it into a spiral of living love.
When the Mesmerizing Sameness
That wreaks havoc free thought returns to me,
Thou art there, watching and waiting…
I love Thee in my ignorance,
I love Thee in a promise of hope
And on the meanings of a silent scream...
Thou art The Heart
And each palpitation of Thee
Blows me back to life… again!
Mário Gabriel
domingo, janeiro 29
A experiência é a «madre» de todas as «cousas»…
Um fazendeiro resolve trocar o seu velho galo por outro que desse conta das inúmeras galinhas. Ao chegar o novo galo, e percebendo que perderia
as funções, o velho galo foi conversar com o seu substituto:
- Olha, sei que já estou velho e é por isso que meu dono o trouxe aqui, mas será que você poderia deixar pelo menos duas galinhas para mim?
- Que é isso, velhote?! Vou ficar com todas.
- Mas só duas... Ainda insistiu o galo.
- Não. Já disse! São todas minhas!
- Então vamos fazer o seguinte, propõe o velho galo, apostamos uma corrida à volta do galinheiro. Se eu ganhar, fico com pelo menos duas galinhas. Se eu perder, são todas suas.
O galo jovem mede o velho de cima em baixo e pensa que, certamente, ele não será capaz de vencê-lo.
- Tudo bem, velhote, eu aceito.
- Já que, realmente minhas chances são poucas, deixe-me ficar vinte passos à frente, pediu o galo.
O mais jovem pensou por uns instantes e aceitou as condições do galo velho. Iniciada a corrida, o galo jovem dispara para alcançar o outro galo. O galo velho faz um esforço danado para manter a vantagem, mas rapidamente está sendo alcançado pelo mais novo. O fazendeiro pega na sua espingarda e atira sem piedade no galo mais jovem. Guardando a arma, comenta com a mulher:
- Num tô intendendo, uai .. ! Já é o quinto galo gay bicha que a gente compra esta semana! O filho da mãe largou as galinhas e estava correndo atrás do galo velho, vê se pode!??
Moral da história: NADA SUBSTITUI A EXPERIÊNCIA!!!
Do colectivo e anónimo “anedotário” humano
as funções, o velho galo foi conversar com o seu substituto:
- Olha, sei que já estou velho e é por isso que meu dono o trouxe aqui, mas será que você poderia deixar pelo menos duas galinhas para mim?
- Que é isso, velhote?! Vou ficar com todas.
- Mas só duas... Ainda insistiu o galo.
- Não. Já disse! São todas minhas!
- Então vamos fazer o seguinte, propõe o velho galo, apostamos uma corrida à volta do galinheiro. Se eu ganhar, fico com pelo menos duas galinhas. Se eu perder, são todas suas.
O galo jovem mede o velho de cima em baixo e pensa que, certamente, ele não será capaz de vencê-lo.
- Tudo bem, velhote, eu aceito.
- Já que, realmente minhas chances são poucas, deixe-me ficar vinte passos à frente, pediu o galo.
O mais jovem pensou por uns instantes e aceitou as condições do galo velho. Iniciada a corrida, o galo jovem dispara para alcançar o outro galo. O galo velho faz um esforço danado para manter a vantagem, mas rapidamente está sendo alcançado pelo mais novo. O fazendeiro pega na sua espingarda e atira sem piedade no galo mais jovem. Guardando a arma, comenta com a mulher:
- Num tô intendendo, uai .. ! Já é o quinto galo gay bicha que a gente compra esta semana! O filho da mãe largou as galinhas e estava correndo atrás do galo velho, vê se pode!??
Moral da história: NADA SUBSTITUI A EXPERIÊNCIA!!!
Do colectivo e anónimo “anedotário” humano
4.
Pego em objectos e educo-te.
A lenta corrupção.
Vou ao teu encontro
por ressonâncias
de folhagem negra.
Sento-me voltado para ti.
Imagino-me com as mãos.
Aprendo de ti, o aprendido em mim.
Joaquim Manuel Magalhães, Consequência do Lugar, Relógio d’Água, Lisboa, 2001, p.18.
A lenta corrupção.
Vou ao teu encontro
por ressonâncias
de folhagem negra.
Sento-me voltado para ti.
Imagino-me com as mãos.
Aprendo de ti, o aprendido em mim.
Joaquim Manuel Magalhães, Consequência do Lugar, Relógio d’Água, Lisboa, 2001, p.18.
Ler, Reflectir, Meditar e... Viver
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Coma você mesmo o seu fruto
Queixava-se um discípulo ao seu Mestre:
«Que belas “estórias” o senhor nos conta;
mas nunca nos revela o seu sentido».
E respondeu o Mestre:
«se alguém te desse um fruto,
já meio comido e mal saboroso,
tu gostavas?»
O sentido das coisas é um bem que ninguém dá; é uma descoberta pessoal!
Pista de leitura:
Leia a «estória» mais uma vez, depois de ter reflectido sobre ela. Procure criar silêncio dentro de si a fim de que a «estória» lhe possa revelar todo o seu sentido e profundidade de conteúdo. Verá que o seu sentido está para além das palavras e reflexões.
Anthony de Mello, O Canto do Pássaro, Paulinas, Lisboa, 2005, pp. 11 e 14
Coma você mesmo o seu fruto
Queixava-se um discípulo ao seu Mestre:
«Que belas “estórias” o senhor nos conta;
mas nunca nos revela o seu sentido».
E respondeu o Mestre:
«se alguém te desse um fruto,
já meio comido e mal saboroso,
tu gostavas?»
O sentido das coisas é um bem que ninguém dá; é uma descoberta pessoal!
Pista de leitura:
Leia a «estória» mais uma vez, depois de ter reflectido sobre ela. Procure criar silêncio dentro de si a fim de que a «estória» lhe possa revelar todo o seu sentido e profundidade de conteúdo. Verá que o seu sentido está para além das palavras e reflexões.
Anthony de Mello, O Canto do Pássaro, Paulinas, Lisboa, 2005, pp. 11 e 14
quarta-feira, janeiro 18
A vida tal como a penso
Mais uma vez acordei estremunhado. Persegue-me o sonho de sempre: a pura insatisfação do presente, das formas como penso desejar em que o meu presente se transfigure, em qualquer outra coisa. Loucos sonhos de um individuo em pleno êxtase e sedento de uma realização pessoal. Sonho com o que nunca virá, com o que nunca se realizará. Porque não? No mínimo a resposta é simples: nada faço por isso…
E se fizer? Demanda com todas as minhas forças na procura do sonho, do caminho, de uma auto-realização. E se começar a acreditar que posso mudar algo ou alguém? E se acreditar que a forma do mundo pode depender do modelo que lhe quero dar? Continuará a ser uma esfera? Continuará a girar em torno do astro Pai?
Procurei a palete do arco-íris para, com sorte, colorir o mundo de outras tonalidades. Acreditei que o horizonte das nossas singulares vivências podia ser transfigurado em, supostamente, algo melhor. Procurei sair do círculo da minha existência e observar outros, no mais alargado plano a que poderia aspirar. Calcorreei os trilhos que me levam a ti. Pois é por ti que luto e escravizo a minha liberdade. Em ti me quero perder, para me encontrar como, no mínimo, aspiro a ser. Devaneios de um sonhador em desespero de causa…
Pinto o que vejo conforme as diferentes disposições que vou sentindo. A triplicidade de critérios é simples: se descontente com o tempo que não me sorri, optarei por tonalidades negras da realidade a retratar, onde os brancos apenas surgem enquanto esperança, pouca, de uma mudança a surgir; se contente e motivado com o tempo que há-de vir, invento o maior número de matizes possíveis, enquanto expressão de uma transversal alegria de viver o momento que transborda os limites de uma efémera existência; mas, e diga-se em prol da mais pura verdade, aquele em verdadeiramente vivo, posso chamar o tempo real, por entre tonalidades cinzentas e rosas. Impõem-se uma elucidação dos termos agora expostos. Porquê? Pela mera necessidade de uma visão da vida tal como ela é, ou, pelo menos, como penso que ela é.
Em cinzentos reinos nos movimentamos, nunca sabendo ao certo qual a certeza dos caminhos que trilhamos. Logicamente, se é que podemos acreditar na mesma, indeferimos inúmeras direcções, por simples oposição ao que tomamos. Aqui poderá consistir a nossa suposta liberdade de opção: entre muitos, definimos aquele que se afigura como o melhor curso existencial, e se estamos naqueles dias, os mais habituais, seguimos por aí, não por certeza de um espírito iluminado, mas tão simplesmente porque temos de seguir por algum lado. O critério da necessidade impõe-se à nossa consciência, seja ela o que for.
Do fluido rosa se reveste tudo aquilo que gostaríamos que fosse. Ainda que trilhemos um caminho, mais ou menos certos que supostamente seria por aí, devaneamos por entre gostosas utopias, que vão à plena concretização da opção tomada, como a sensação ilusória que outros rumos poderiam ser tomados. E deleitamo-nos a pensar no que o nosso pavio de vela poderia ser: como arderia se o tivesse sido acendido desta forma… ou daquela. Adornamos as hipotéticas escolhas que nunca foram, e rosamos os resultados: teria sido tão bom desta forma… ou nos convencemos que os resultados do itinerário tomado nos irão irremediavelmente conduzir a algum lado. E assim nos deixamos ficar nos rosados resultados de uma acção empreendida. Vale mais aqui o sonho, do que a efectividade de um resultado existencial, dito na crueza das palavras simples, preterimos a acção a tomar em prol de um resultado incerto e “rosado” em que acreditamos.
Este é o meu sonho. Este é o meu pesadelo!!!
Francisco d’Almeida
E se fizer? Demanda com todas as minhas forças na procura do sonho, do caminho, de uma auto-realização. E se começar a acreditar que posso mudar algo ou alguém? E se acreditar que a forma do mundo pode depender do modelo que lhe quero dar? Continuará a ser uma esfera? Continuará a girar em torno do astro Pai?
Procurei a palete do arco-íris para, com sorte, colorir o mundo de outras tonalidades. Acreditei que o horizonte das nossas singulares vivências podia ser transfigurado em, supostamente, algo melhor. Procurei sair do círculo da minha existência e observar outros, no mais alargado plano a que poderia aspirar. Calcorreei os trilhos que me levam a ti. Pois é por ti que luto e escravizo a minha liberdade. Em ti me quero perder, para me encontrar como, no mínimo, aspiro a ser. Devaneios de um sonhador em desespero de causa…
Pinto o que vejo conforme as diferentes disposições que vou sentindo. A triplicidade de critérios é simples: se descontente com o tempo que não me sorri, optarei por tonalidades negras da realidade a retratar, onde os brancos apenas surgem enquanto esperança, pouca, de uma mudança a surgir; se contente e motivado com o tempo que há-de vir, invento o maior número de matizes possíveis, enquanto expressão de uma transversal alegria de viver o momento que transborda os limites de uma efémera existência; mas, e diga-se em prol da mais pura verdade, aquele em verdadeiramente vivo, posso chamar o tempo real, por entre tonalidades cinzentas e rosas. Impõem-se uma elucidação dos termos agora expostos. Porquê? Pela mera necessidade de uma visão da vida tal como ela é, ou, pelo menos, como penso que ela é.
Em cinzentos reinos nos movimentamos, nunca sabendo ao certo qual a certeza dos caminhos que trilhamos. Logicamente, se é que podemos acreditar na mesma, indeferimos inúmeras direcções, por simples oposição ao que tomamos. Aqui poderá consistir a nossa suposta liberdade de opção: entre muitos, definimos aquele que se afigura como o melhor curso existencial, e se estamos naqueles dias, os mais habituais, seguimos por aí, não por certeza de um espírito iluminado, mas tão simplesmente porque temos de seguir por algum lado. O critério da necessidade impõe-se à nossa consciência, seja ela o que for.
Do fluido rosa se reveste tudo aquilo que gostaríamos que fosse. Ainda que trilhemos um caminho, mais ou menos certos que supostamente seria por aí, devaneamos por entre gostosas utopias, que vão à plena concretização da opção tomada, como a sensação ilusória que outros rumos poderiam ser tomados. E deleitamo-nos a pensar no que o nosso pavio de vela poderia ser: como arderia se o tivesse sido acendido desta forma… ou daquela. Adornamos as hipotéticas escolhas que nunca foram, e rosamos os resultados: teria sido tão bom desta forma… ou nos convencemos que os resultados do itinerário tomado nos irão irremediavelmente conduzir a algum lado. E assim nos deixamos ficar nos rosados resultados de uma acção empreendida. Vale mais aqui o sonho, do que a efectividade de um resultado existencial, dito na crueza das palavras simples, preterimos a acção a tomar em prol de um resultado incerto e “rosado” em que acreditamos.
Este é o meu sonho. Este é o meu pesadelo!!!
Francisco d’Almeida
Testemunho de um passado (in)certo
Viajei por um passado incerto,
Apostei na dúvida de um passo confuso,
Na certeza de um passo concreto,
Na aposta de um eu a concretizar,
De um rumo que quero tomar.
Mais uma vez falhei,
Na procura do que sou,
Na certeza do que quero ser,
Dúvidas infindas,
Caminhos escassos,
E um horizonte longínquo,
Na bruma do que nunca serei.
Olhar de revés,
Para o muito que se faz,
Ainda que tal sorte,
Nunca me dirá o que trás,
Aqui e agora,
Num presente incerto,
Aquilo que sou em concreto.
Sou sombra do que queria ser,
Passado de um sonho realizado,
Exercício de um presente esgotado,
Lembrança de um projecto mal acabado.
Ó mortais,
Ouvi a minha súplica,
Entendei o som do desespero,
Som de angústia e cólera,
A solidão de quem se diz ser,
Aquilo que ninguém quer ver,
O que nunca há-de ter,
Um caminho, uma firmeza,
Uma realização, uma divagação
Vinda de uma clareza,
Que ninguém vislumbrará uma certeza,
Do que foi e será,
Triste presença lembrada,
De uma aparência indesejada.
Quem ousará lembrar o que nunca serei,
Quem cantará o que quis percorrer,
Ousadia de um dever,
Do que pretendia e ousei,
Afirmar nas tuas margens,
Perdida em infindas viagens,
O que nunca alcancei,
O que em nenhures penetrei,
O âmago do que és.
Ainda que me lance a teus pés
Olhas-me com indiferença,
No interior de uma propensa,
Clara manifestação de indiferença.
Ó Pai,
Olhai para a minha indigência,
Triste forma de transcendência,
Do que alguém queria dar,
Tudo o que de vós fui herdar,
Porque falho tanto?
Esta é a razão do meu espanto,
Rumo sem sentido,
Caminho perdido,
Espaço invadido,
De um eu que nunca foi,
A convicção do que poderia aspirar,
De um tu para amar.
Caminho em direcção a Ti,
E não me interessa se me perdi,
Em veredas e atalhos tortuosos,
Com o caminho da casa hei-de vir a dar,
Pois és tu que me chamas,
És tu que clamas,
Pelo teu filho desavindo
Qual ramo de oliveira em flor,
Que vai para onde for,
Desde que na Tua direcção,
No puro sentido da salvação…
Que me possas aceitar,
No âmago do teu lar.
Não mais quero eu,
Do que nos teus mistérios penetrar…
Francisco d’Almeida
Apostei na dúvida de um passo confuso,
Na certeza de um passo concreto,
Na aposta de um eu a concretizar,
De um rumo que quero tomar.
Mais uma vez falhei,
Na procura do que sou,
Na certeza do que quero ser,
Dúvidas infindas,
Caminhos escassos,
E um horizonte longínquo,
Na bruma do que nunca serei.
Olhar de revés,
Para o muito que se faz,
Ainda que tal sorte,
Nunca me dirá o que trás,
Aqui e agora,
Num presente incerto,
Aquilo que sou em concreto.
Sou sombra do que queria ser,
Passado de um sonho realizado,
Exercício de um presente esgotado,
Lembrança de um projecto mal acabado.
Ó mortais,
Ouvi a minha súplica,
Entendei o som do desespero,
Som de angústia e cólera,
A solidão de quem se diz ser,
Aquilo que ninguém quer ver,
O que nunca há-de ter,
Um caminho, uma firmeza,
Uma realização, uma divagação
Vinda de uma clareza,
Que ninguém vislumbrará uma certeza,
Do que foi e será,
Triste presença lembrada,
De uma aparência indesejada.
Quem ousará lembrar o que nunca serei,
Quem cantará o que quis percorrer,
Ousadia de um dever,
Do que pretendia e ousei,
Afirmar nas tuas margens,
Perdida em infindas viagens,
O que nunca alcancei,
O que em nenhures penetrei,
O âmago do que és.
Ainda que me lance a teus pés
Olhas-me com indiferença,
No interior de uma propensa,
Clara manifestação de indiferença.
Ó Pai,
Olhai para a minha indigência,
Triste forma de transcendência,
Do que alguém queria dar,
Tudo o que de vós fui herdar,
Porque falho tanto?
Esta é a razão do meu espanto,
Rumo sem sentido,
Caminho perdido,
Espaço invadido,
De um eu que nunca foi,
A convicção do que poderia aspirar,
De um tu para amar.
Caminho em direcção a Ti,
E não me interessa se me perdi,
Em veredas e atalhos tortuosos,
Com o caminho da casa hei-de vir a dar,
Pois és tu que me chamas,
És tu que clamas,
Pelo teu filho desavindo
Qual ramo de oliveira em flor,
Que vai para onde for,
Desde que na Tua direcção,
No puro sentido da salvação…
Que me possas aceitar,
No âmago do teu lar.
Não mais quero eu,
Do que nos teus mistérios penetrar…
Francisco d’Almeida
quarta-feira, janeiro 4
Estou no apogeu de mais uma fase hipocondríaca.
domingo, dezembro 11
Destinos em carteira, Tomo III - 1
Huittinen, FI